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APESAR DE VOCÊ – Chico Buarque

(Crescendo) Amanhã vai ser outro día x 3

Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.

(Coro) Apesar de você
amanhã há de ser outro día.
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforía?
Cómo vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.

Você que inventou a tristeza
Agora tenha a fineza
de “desinventar”.
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.

(Coro2) Apesar de você
Amanhã há de ser outro día.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não quería.

Você vai se amargar
Vendo o día raiar
Sem lhe pedir licença.

E eu vou morrer de rir
E esse día há de vir
antes do que você pensa.
Apesar de você

(Coro3)Apesar de você
Amanhã há de ser outro día.
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesía.

Cómo vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Cómo vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você

(Coro4)Apesar de você
Amanhã há de ser outro día.
Você vai se dar mal, etecétera e tal,
La, laiá, la laiá, la laiá…….

CANÇÃO DO NOVO MUNDO – Beto Guedes/Ronaldo Bastos

Quem sonhou
Só vale se já sonhou demais
Vertente de muitas gerações
Gravado em nossos corações
Um nome se escreve fundo

As canções em nossa memória
Vão ficar
Profundas raízes vão crescer
A luz das pessoas me faz crer
Eu sinto que vamos juntos

Ó, nem o tempo amigo,
Nem a força bruta pode um sonho apagar…

Quem perdeu
O trem da História por querer
Saiu do juízo, sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um Novo Mundo

Quem souber dizer a exata explicação
Me diz como pode acontecer
Um simples canalha mata um rei
Em menos de um segundo?

Ó, minha estrela amiga,
Por que você não fez a bala parar?

CANCIÓN CON TODOS – Mercedes Sosa

Salgo a caminar
Por la cintura cósmica del sur
Piso en la región
Más vegetal del tiempo y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de América en mi piel
Y anda en mi sangre un río
Que libera en mi voz Su caudal.
Sol de alto Perú Rostro Bolivia, estaño y soledad Un verde Brasil besa a mi Chile Cobre y mineral Subo desde el sur Hacia la entraña América y total Pura raíz de un grito
Destinado a crecer Y a estallar.
Todas las voces, todas
Todas las manos, todas
Toda la sangre puede
Ser canción en el viento.
¡Canta conmigo, canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz!

CANCIÓN DE AMOR PARA MI PATRIA – Mercedes Sosa

Sera porque me dueles,
Sera porque te quiero,
Sera que estoy segura que puedes
Llenarme de palomas el cielo.
Sera porque quisiera que vueles
Que sigue siendo tuyo mi vuelo.

Sera que estas en celo
Velando la alborada
O acaso acumulando desvelos
Por dudas largamente acunadas.
Tan solo se levanta del suelo
El que del todo extiende sus alas

Amada mia,
Querida mia,
¡ay patria mia!
De tumbo en tumbo,
Se pierde el rumbo
De la alegria.
¡vamos arriba,
Que no se diga
Que estas llorando,
Que tus heridas
Mal avenidas
Se iran curando.
Defiende tu derecho a la vida
Y juntas seguiremos andando.

Sera que ya no quieres
Sufrir mas desengaños
Que vives levantando paredes
Por miedo a que la luz te haga daño.
Si ya no vienen llenas tus redes,
Tampoco hay mal que dure cien años.

Quizas en apariencias
Te alejas o me alejo,
El caso es que sufrimos de ausencia
Con un dolor ambiguo y parejo.
Amor no significa querencia,
Tambien se puede amar desde lejos.

Amada mia,
Querida mia,
¡ay patria mia!
De tumbo en tumbo,
Se pierde el rumbo
De la alegria.
¡vamos arriba,
Que no se diga
Que estas llorando,
Que tus heridas
Mal avenidas
Se iran curando.
Defiende tu derecho a la vida
Y juntas seguiremos andando.

CANTO LIBRE – Victor Jara

El verso es una paloma
que busca donde anidar.
Estalla y abre sus alas
para volar y volar.

Mi canto es un canto libre
que se quiere regalar
mi canto es un canto libre.
A quién le estreche su mano
a quién quiera disparar
mi canto es un canto libre.
Mi canto es una cadena
sin comienzo ni final
y en cada eslabón se encuentra
el canto de los demás.

Sigamos cantando juntos
a toda la humanidad.
Sigamos cantando juntos
que el canto es una paloma
que vuela para encontrar.
Estalla y abre sus alas
para volar y volar.

Mi canto es un canto libre.

COMIDA – Arnaldo Antunes/Marcelo Fromer/Sergio Britto

Bebida é água.
Comida é pasto.
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida,
A gente quer comida, diversão e arte.
A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida,
A gente quer bebida, diversão, balé.
A gente não quer só comida,
A gente quer a vida como a vida quer.

Bebida é água.
Comida é pasto.
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comer,
A gente quer comer e quer fazer amor.
A gente não quer só comer,
A gente quer prazer pra aliviar a dor.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer dinheiro e felicidade.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade.
Bebida é água.
Comida é pasto.
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?

COMO NOSSOS PAIS – Belchior

Não quero lhe falar, meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa
Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina!
Eles venceram e o sinal está fechado pra nós
Que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se faz o seu braço, o seu lábio e a sua voz
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantado como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
O cheiro da nova nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração
Já faz tempo eu vi você na rua cabelo ao vento gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não se enganam, não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que tou por fora ou então que tou inventando
Mas é você que ama o passado é que não vê
Mas é você que ama o passado é que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem deu me deu a idéia de uma nova consciência e juventude
Está em casa guardado por Deus contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais

COMO UMA ONDA – Lulu Santos

Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu a um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar

COMPANHEIRO BUSH – Tom Zé

Se Você Já Sabe Quem
Vendeu Aquela Bomba Pro Iraque,
Desembuche.
Eu Desconfio Que Foi O Bush.

Foi O Bush,
Foi O Bush.
Foi O Bush.

Onde Haverá Recurso
Para Dar Um Bom Repuxo
No Companheiro Bush.
Quem Arranja Um Alicate
Que Acerte Aquela Fase
Ou Corrija Aquele Fuso,

Talvez Um Parafuso
Que Ta Faltando Nele
Melhore Aquele Abuso.
Um Chip Que Desligue
Aquele Terremoto,
Aquela Coqueluche.

Se Você Já Sabe etc.

CONSTRUÇÃO – Chico Buarque

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

CONSTRUCCIÓN – Chico Buarque

Amó aquella vez como si fuese última
Besó a su mujer como si fuese última
Y a cada hijo suyo cual si fuese el único
Y atravesó la calle con su paso tímido
Subió a la construcción como si fuese máquina
Alzó en el balcón cuatro paredes sólidas
Ladrillo con ladrillo en un diseño mágico
Sus ojos embotados de cemento y lágrimas

Sentóse a descansar como si fuese sábado
Comió su pan con queso cual si fuese un príncipe
Bebió y sollozó como si fuese un náufrago
Danzó y se rió como si oyese música
Y tropezó en el cielo con su paso alcohólico
Y flotó por el aire cual si fuese un pájaro
Y terminó en el suelo como un bulto fláccido
Y agonizó en el medio del paseo público
Murió a contramano entorpeciendo el tránsito

Amó aquella vez como si fuese el último
Besó a su mujer como si fuese única
Y a cada hijo suyo cual si fuese el pródigo
Y atravesó la calle con su paso alcohólico
Subió a la construcción como si fuese sólida
Alzó en el balcón cuatro paredes mágicas
Ladrillo con ladrillo en un diseño lógico
Sus ojos embotados de cemento y tránsito

Sentóse a descansar como si fuese un príncipe
Comió su pan con queso cual si fuese el máximo
Bebió y sollozó como si fuese máquina
Danzó y se rió como si fuese el próximo
Y tropezó en el cielo cual si oyese música
Y flotó por el aire cual si fuese sábado
Y terminó en el suelo como un bulto tímido
Agonizó en el medio del paseo náufrago

Murió a contramano entorpeciendo el público

Amó aquella vez como si fuese máquina
Besó a su mujer como si fuese lógico
Alzó en el balcón cuatro paredes flácidas
Sentóse a descansar como si fuese un pájaro
Y flotó en el aire cual si fuese un príncipe
Y terminó en el suelo como un bulto alcohólico
Murió a contromano entorpeciendo el sábado

CORAGEM PARA SUPORTAR – Gilberto Gil

Lá no sertão, quem tem
Coragem pra suportar
Tem que viver pra ter
Coragem pra suportar
E somente plantar
Coragem pra suportar
E somente colher
Coragem pra suportar
E mesmo quem não tem
Coragem pra suportar
Tem que arranjar também
Coragem pra suportar

Ou então
Vai embora
Vai pra longe
E deixa tudo
Tudo que é nada
Nada pra viver
Nada pra dar
Coragem pra suportar

DUERME, DUERME , DURME NEGRITO – Victor Jara

Duerme, duerme negrito
Que tu mamá está en el campo
Negrito

Duerme, duerme negrito
Que tu mamá está en el campo
Negrito

Te va a traer codornices para tí
Te va a traer muchas cosas para tí
Te va a traer carne de cerdo para tí
Te va a traer muchas cosas para tí

Y si negro no se duerme
Viene diablo blanco
Y sale comen la patita
Yakapumba Yakapumba
Apumba Yakapumba Yakapumba Yakapumba

Duerme, duerme negrito
Que tu mamá está en el campo
Negrito

Duerme duerme negrito
Que tu mamá está en el campo
Negrito
Trabajando
Trabajando duramente
Trabajando, sí
Trabajando y no le pagan
Trabajando, sí
Trabajando y va cosiendo
Trabajando, sí
Trabajando y va de luto
Trabajando, sí

Pal negrito chiquitito
Trabajando, sí
Pal negrito chiquitito
Trabajando, sí
No le pagan, sí
Duramente, sí
Va cosiendo, sí
Va de luto, sí

Duerme duerme negrito
Que tu mamá está en el campo
Negrito

Duerme duerme negrito
Que tu mamá está en el campo
Negrito

EL APARECIDO – Victor Jara

Abre sendas por los cerros,
deja su huella en el viento,
el águila le da el vuelo
y lo cobija el silencio.
Nunca se quejó del frío,
nunca se quejó del sueño,
el pobre siente su paso
y lo sigue como ciego.

Córrele, córrele, córrela
por aquí, por allí, por allá,
córrele, córrele, córrela
córrele que te van a matar,
córrele, córrele, córrela.

Su cabeza es rematada
por cuervos con garra de oro
como lo ha crucificado
la furia del poderoso.
Hijo de la rebeldía
lo siguen veinte más veinte,
porque regala su vida
ellos le quieren dar muerte.

Córrele, córrele, córrela
por aquí, por allí, por allá,
córrele, córrele, córrela
córrele que te van a matar,
córrele, córrele, córrela.

EU PROTESTO – Charlie Brown Jr

Mas se todo aquele luxo te deixou confuso
Aquela vida fútil comprou mais um inútil
Foi você que colocou eles lá
mas eles não estão fazendo nada por vocês
Enquanto o povo vai vivendo de migalhas
Eles inventam outro imposto para você
Aquele creche que deixarão de ajudar esta por um fio
E a ganância está matando a geração 2000
E a sua tolerância está maior do que nunca agora

Dormem sossegados os caras do Senado
Dormem sossegados quem fizeram este estrago
Dormem sossegados os caras do Senado
Dormem sossegados os que pintaram este quadro

Só você vai saber lidar com o mal que há em você
E o bem que há em você toda a miséria
Que gera a insegurança imposta a você, que oprime você
Deixe de ser covarde homem
Deixe de ser covarde
Deixe de ser covarde homem
Seja homem de verdade
Você deveria dar uma importância maior
Pras coisas corriqueiras da vida
Você deveria dar uma importância maior
Para o que realmente tem valor na sua vida
Dormem despreocupados os caras do senado
Dormem sossegados os que fizeram este estrago
Dormem mas vale a liberdade
E o bem que ela te faz
Liberdade é tudo isso e liberdade é muito mais
Vem me traz a paz liberdade é paz
Eu quero é só paz

EL DERECHO DE VIVIR EN PAZ – Victor Jara

El derecho de vivir
poeta Ho Chi Minh,
que golpea de Vietnam
a toda la humanidad.
Ningún cañon borrará
el surco de tu arrozal.
El derecho de vivir en paz.

Indochina es el lugar
más allá del ancho mar,
donde revientan la flor
con genocidio y napalm;
la luna es una explosión
que funde todo el clamor.
El derecho de vivir en paz.

Tio Ho, nuestra canción
es fuego de puro amor,
es palomo palomar
olivo de olivar
es el canto universal
cadena que hará triunfar,
el derecho de vivir en paz.

GRACIAS A LA VIDA – Violeta Parra

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abedecedario
con él las palabras que pienso y declaro
madre amigo hermano y luz alumbrando,
la ruta del alma del que estoy amando.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano,
cuando miro al bueno tan lejos del malo,
cuando miro al fondo de tus ojos claros.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto,
así yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos que es mi propio canto.
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida

MADRE DE MADRES – Mercedes Sosa

Siempre he vivido madre
Atada a tu costado
A tu cordon de luna desolada,
Cardon que me respiras
Paloma que vigilas
Todas mis infinitas soledades.

Tu corazon me late,
Tu sangre me deshace,
Lloro todos los dias tus desdichas.
Paramo que enamoras
Cancion que canto a solas
Tan torturada y mia, tierra mia.

Hablo del barro antiguo
Del polen y del limo
Que el mar arrastra en muertos sin edades,
Hablo del niño a manos
De la metralla infame,
Hablo de tu dolor y mi pasado.

Utero dulce
Tu crisalida soy yo,
Madre de madres
Entibiame esta cancion,
Nunca nos fuimos de tu lado
Por amor

MANIFIESTO – Victor Jara

Yo no canto por cantar
ni por tener buena voz,
canto porque la guitarra
tiene sentido y razón.

Tiene corazón de tierra
y alas de palomita,
es como el agua bendita
santigua glorias y penas.

Aquí se encajó mi canto
como dijera Violeta
guitarra trabajadora
con olor a primavera.

Que no es guitarra de ricos
ni cosa que se parezca
mi canto es de los andamios
para alcanzar las estrellas,
que el canto tiene sentido
cuando palpita en las venas
del que morirá cantando
las verdades verdaderas,
no las lisonjas fugaces
ni las famas extranjeras
sino el canto de una lonja
hasta el fondo de la tierra.

Ahí donde llega todo
y donde todo comienza
canto que ha sido valiente
siempre será canción nueva.

PLEGARIA A UN LABRADOR – Victor Jara

Levantate y mira la montaña
De donde viene el viento el sol y el agua
Tú que manejas el curso de los rios
Tú que sembraste el vuelo de tu alma

Levantate y mírate las manos
Para crecer estrechala a tu hermano
Juntos iremos unidos en la sangre
Hoy es el tiempo que puede ser mañana

Líbranos de aquel que nos domina en la miseria
Tráenos tu reino de justicia e igualdad
Sopla como el viento la flor de la quebrada
Limpia como el fuego el cañón de mi fusil
Hágase por fin tu voluntad aquí en la tierra
Danos tu fuerza y tu valor al combatir
Sopla como el viento la flor de la quebrada
Limpia como el fuego el cañón de mi fusil

Levantate y mírate las manos
Para crecer estréchala a tu hermano
Juntos iremos unidos en la sangre
Ahora y en la hora de nuestra amén
Amén, amén

PROCISSÃO DOS RETIRANTES – Martin Cezar Ramires Gonçalves

Terra-Brasilis, Continente
Pátria-Mãe da minha gente
Hoje eu quero perguntar:
– Se são grandes teus braços,
Porque negas um espaço.
Aos que querem ter um lar?
Eu não consigo entender,
Que nesta imensa nação.
Ainda é matar ou morrer
Por um pedaço de chão!
Lavradores nas estradas,
Vendo a terra abandonada,
Sem ninguém para plantar.
Entre cercas e alambrados,
Vão milhões de condenados
A morrer ou mendigar.
Eu não consigo entender,
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter
E ainda se diz um bom Cristão!
No Eldorado do Pará,
Nome Índio Carajás
Um massacre aconteceu.
Nesta terra de chacinas,
Essas balas assassinas,
Todos sabem de onde vem.

É preciso que a justiça
E a igualdade sejam mais
Que palavras de ocasião.
É preciso um novo tempo.
Em que não seja só promessa
Repetir a terra e o pão.
(A hora é essa, de fazer a divisão!)

Eu não consigo entender,
Que em vez de herdar um quinhão
Teu povo mereça ter
Só sete palmos de chão!

Nova leva de imigrantes,
Procissão dos retirantes,
Só há terra em cada olhar.
Brasileiros feitos nós.
Vão gritando, mas sem voz
Norte a sul, não tem lugar.

Eu não consigo entender,
Que nesta imensa nação
Ainda é matar ou morrer,
Por um pedaço de chão!

Pátria Amada do Brasil,
De quem és mãe gentil?
Eu insisto em perguntar.
– Dos famintos das favelas,
Ou dos que desviam verbas
Pra Champanhe ou caviar?

Eu não consigo entender,
Achar a clara razão
De quem só vive pra ter
E ainda se diz bom cristão

SÓ A LUTA FAZ VALER – Zé Pinto

Quem tá cansado dê licença do caminho
Quem acredita dê as mãos e vamos embora
pois quem tropeça no primeiro desatino
E pouca força na construção dessa história.
Não adianta inventar outros caminhos
Porque jamais vão conseguir nos convencer
Capitalismo nunca foi de quem trabalha
Nossos direitos só a luta faz valer
Esse evento traz presente um passado
De uma semente que deu vida ao movimento
No broto novo de Macalli e Brilhante
A Encruzilhada Natalino pôs fermento
E os companheiros que tombaram no caminho
Serão lembrados sempre pela estrada afora
Nossa Vingança é ocupar os latifundios
já preparando o dia da grande vitória.
Reforma agrária é uma luta de todos
Aqui de novo viemos reafirmar
Numa aliança entre o campo e a cidade
Pois a verdade amanha triunfará.

PROCISSÃO DE RETIRANTES – Martin César R. Gonçalves

Quem tá cansado dê licença do caminho
Quem acredita dê as mãos e vamos embora
pois quem tropeça no primeiro desatino
E pouca força na construção dessa história.
Não adianta inventar outros caminhos
Porque jamais vão conseguir nos convencer
Capitalismo nunca foi de quem trabalha
Nossos direitos só a luta faz valer
Esse evento traz presente um passado
De uma semente que deu vida ao movimento
No broto novo de Macalli e Brilhante
A Encruzilhada Natalino pôs fermento
E os companheiros que tombaram no caminho
Serão lembrados sempre pela estrada afora
Nossa Vingança é ocupar os latifundios
já preparando o dia da grande vitória.
Reforma agrária é uma luta de todos
Aqui de novo viemos reafirmar
Numa aliança entre o campo e a cidade
Pois a verdade amanha triunfará.

HINO DO MOVIMENTO SEM TERRA Letra: Ademar Bogo Musíca: Willy C. de Oliveira

Vem teçamos a nossa liberdade
braços fortes que rasgam o chão
sob a sombra de nossa valentia
desfraldemos a nossa rebeldia
e plantemos nesta terra como irmãos!

Vem, lutemos punho erguido
Nossa Força nos leva a edificar
Nossa Pátria livre e forte
Construída pelo poder popular

Braços Erguidos ditemos nossa história
sufocando com força os opressores
hasteemos a bandeira colorida
despertemos esta pátria adormecida
o amanhã pertence a nós trabalhadores!

Nossa Força regastada pela chama
da esperança no triunfo que virá
forjaremos desta luta com certeza
pátria livre operária camponesa
nossa estrela enfim triunfará!

Hino da Internacional
Jacob Sverdlov 15/08/2003 03:07

A INTERNACIONAL – Autor: Eugenio Pottier – Música: Pierre de Geyter

De pé, ó vitimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
a crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
sejamos tudo, ó produtores!

Bem unidos, façamos,
nesta luta final,
uma terra sem amos
A Internacional!

Messias, Deus, chefes supremos,
nada esperemos de nenhum!
Sejamos nós quem conquistemos
A terra-mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
para sair deste antro estreito,
façamos nós, por nossas mãos,
tudo o que a nós nos diz respeito!

Bem unidos, façamos,
nesta luta final,
uma terra sem amos
A internacional!

O crime do rico a lei o cobre,
o Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
não mais direitos sem deveres!

Bem unidos, façamos,
nesta luta final,
uma terra sem amos
A Internacional!

Abomináveis na grandeza,
os reis da mina e da fornalha
edificaram a riqueza
sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
a corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua,
o povo só quer o que é seu!

Bem unidos, façamos,
nesta luta final,
uma terra sem amos
A Internacional!

Nós fomos de fumo embriagados.
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de gala,
nos quer à força canibais,
logo verá que as nossas balas
são para os nossos generais!

Bem unidos, façamos,
nesta luta final,
uma terra sem amos
A Internacional!

Somos o povo dos ativos,
Trabalhador, forte e fecundo.
Pertence a terra aos produtivos;
Ó parasita, deixa o mundo!
Ó parasita, que te nutres
do nosso sangue a gotejar,
se nos faltarem os abutres,
não deixa o sol de fulgurar!

Bem unidos, façamos,
nesta luta final,
uma terra sem amos
A Internacional!

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES -Geraldo Vandré

Caminhando e Cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e Cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
Pelos campos a fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordoes
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quarteis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a historia na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

PROCISSÃO – Gilberto Gil

Olha lá vai passando a procissão
Se arrastando que nem cobra pelo chão
As pessoas que nela vão passando
Acreditam nas coisas lá do céu
As mulheres cantando tiram versos
Os homens escutando tiram o chapéu
Eles vivem penando aqui na terra
Esperando o que Jesus prometeu
E Jesus prometeu vida melhor
Pra quem vive nesse mundo sem amor
Só depois de entregar o corpo ao chão
Só depois de morrer neste sertão
Eu também tô do lado de Jesus
Só que acho que ele se esqueceu
De dizer que na terra a gente tem
De arranjar um jeitinho pra viver
Muita gente se arvora a ser Deus
E promete tanta coisa pro sertão
Que vai dar um vestido pra Maria
E promete um roçado pro João
Entra ano, sai ano, e nada vem
Meu sertão continua ao deus-dará
Mas se existe Jesus no firmamento
Cá na terra isto tem que se acabar

SOMOS CINCO MIL – Victor Jara

Somos cinco mil
nesta parte da cidade.
Somos cinco mil.
Quantos seremos no total
nas cidades e em todo o país?
Somente aqui, dez mil mãos que semeiam
e fazem andar as fábricas.
Quanta humanidade
com fome, frio, pânico, dor,
pressão moral, terror e loucura!
(…)
Que espanto causa o rosto do fascismo!
(…)
É este o mundo que criaste, meu Deus?
Para isto os teus sete dias de assombro e de trabalho?

175 NADA ESPECIAL – Gabriel O Pensador

Mais um dia mais um ônibus que eu peguei no Rio
Um ônibus tranqüilo
Estava vazio
A cidade engarrafada como não podia deixar de ser
Viagem demorada
O que fazer?
Sem nenhuma mulher por perto pra bater um papo esperto
Resolvi escrever um rap a mais
Mas não estou bem certo sobre o quê vou rimar
– Diz aí torcador
(Ah sei lá)
Então eu vou no instinto pego um papel e vâmo vê o quê que dá
Foi nesse instante em que eu olhei pra janela
E que susto eu levei
Era ela
A inflação estampada na vitrine
Atingiu meu coração
E deu vontade de partir pro crime
Porque o que eu quero comprar já não dá mais
A não ser que eu faça como fez o Ferrabrás (Quem?)
Então eu tento esquecer
Continuar a rimar
Mas o que eu vejo do outro lado é duro de acreditar
Mas é real
E a realidade dói demais
São dois mendigos se matando pelos restos mortais
De um cachorro qualquer que foi atropelado
E vai virar rango e se der
Talvez seja assado (Hmm esses nojentos gostam disso?!)
– Não arrombado
Aquilo é um ser humano que chamaram de descamisado
Um desesperado
Um brasileiro como eu
Que deve sempre perguntar
(Será que existe mesmo Deus?)
Não é o Pensador que vai tentar responder
Eu continuo rimando tentando esquecer
Porque…

Esse rap não é sobre nada especial
É o rap do 175 que eu peguei na central

E de repente o ônibus começou a encher
Entrou mais gente
Houve um tumulto
Alguém gritou e eu olhei pra ver
(Quê que é isso? Quê que tá pegando? Quê que tá havendo?)
(É um assalto malandro! Será que você ainda não tá percebendo?)
O desespero do trabalhador começou
E eu também tentava esconder meu dinheiro quando alguém falou
(Libera esse aí que é o Pensador mané!)
Mas eles eram meus fãs
Então levaram meu boné
(Autografado né Pensador se liga!)
Alguns acharam que eu era cúmplice
Quase deu briga
Mas a viagem prosseguiu
E os ladrões desceram
E aí a raiva é que subiu na cabeça dos passageiros
E o mais injuriado era um bigodudo
Que tinha ganhado o salário e (Eles levaram tudo)
Entraram dois PMs pela porta da frente estufando o peito e olhando pra gente
Impondo respeito
Mas os ladrões já tavam longe
Num tinha mais jeito
Pra priorar levaram o bigodudo como suspeito – Ele era preto
Coisas desse tipo é difícil esquecer
Mas eu vou continuar porque eu já disse a você que…

Agora estamos passando pela praia de Copacabana
Travestis e prostitutas se acabando por grana
E os gringos vão achando aquilo tudo bacana
(O Brasil é um paraíso! As mulheres são boas de cama)
Ô gringo não força
Deixa de ser imbecil
Você que vem lá de fora quer entender do Brasil
(Ha… “O Brasil é um paraíso” – É mole? – E o inferno é onde?!) – (Peraí Pensador)
E por falar em paraíso
Olha que loucura
Subiu no coletivo uma estranhíssima figura
Com uma bíblia na mão e uma cara de débil mental
Pregando a enganação da Igreja Universal
(Ou será que era alguma outra igreja dessas?
Ah num faz mal
Igreja de enganar otário é tudo igual)
E o coitado foi soltando aquele papo de crente
E eu rezando: Deus me dê paciência!
Mas o pentelho desceu pra alegria da gente
E na saída do ônibus
Sofreu um acidente
Se distraiu e foi atropelado por um caminhão
Morreu esmagado com a bíblia na mão
(É morreu? Melhor do que viver nessa ilusão
Num queria Deus? Foi pro céu então) – (Num sei não)
Enquanto todos se benziam com pena do crente
Eu fui rimando
Bola pra frente porque…

E eu percebi que o trocador ficou fazendo careta
Prum coroa que passou por debaixo da roleta
Era um senhor de óculos, barba branca…
Ei Peraí! (Ei professor
O quê que o senhor tá fazendo aqui?!
Quê que houve? Foi assaltado? Perdeu o dinheiro?)
– (Não… É… sabeoquêqueé… Eu já gastei o salário inteiro!)
HmHm Mudei de assunto
Ele já tava encabulado
No meio do mês o salário dele já tinha acabado
Era o meu ex-professor da escola (Coitado)
Tá fudido e mal pago
Daqui a pouco tá pedindo esmola
Ele é um mestre
Um baú de sabedoria
E num é o valor que um professor merecia
Profissional de primeira importância pro nosso futuro
Ninguém mais quer ser professor pra num viver duro
E ele desceu em outra escola pra dar mais aula
(É que eu trabalho nos três turnos
Chego em casa e ainda corrijo prova)
– Tchau professor – (Tchau Pensador)
Desceu mais um trabalhador que tá numa de horror mas…

E nós agora estamos passando pelo bairro de São Conrado
E como o tempo tá fechando eu tô ficando preocupado
Ih! Choveu! Pronto tudo alagado
Uns vão nadando
Outros morrendo afogados
E enquanto na favela tem barraco caindo
Não é que passa o Prefeito num iate sorrindo
E se o nosso ex-presidente estivesse aqui
Ele estaria certamente num belíssimo jet-ski
Mas como nós não temos embarcação pra todo mundo
Essa triste situação tá parecendo o fim do mundo
Pra quem tá de carro
Pra quem tá de ônibus
Nessa Rio-Babilônia
No Brasil do abandono
E enquanto os governantes vão boiando sorridentes
Vâmo remando
Bola pra frente porque…

E o pior de tudo é que nessa grande viagem
Nada disso do que aconteceu foi novidade
E as autoridades estão defecando
Pro que acontece ao cidadão brasileiro no seu cotidiano
Porque pra eles isso não é nada especial
No dos outros é refresco
Num faz mal
E fecham os olhos pro que até cego já viu:
O revoltante retrato da vida urbana no Brasil
E eu não me refiro ao 175 ou qualquer linha da central
Eu tô falando do dia a dia a qualquer hora em qualquer local
Porque esse rap não é sobre nada especial…